segunda-feira, 24 de setembro de 2007

[doc-m] inês [chapinha]

A aula do dia 31 de agosto foi baseada em textos do livro “experiência e pobreza” de Walter Benjamin. Para ele a passagem do século XIX para o século XX foi nada mais que uma alienação do indivíduo ao consumo e a pobreza.
Benjamin nasceu ao final o século XIX num gueto judeu em Berlin, mais precisamente em 1892. Filho de Emil Benjamin e de Paula Schönflies Benjamin, comerciantes de produtos franceses, Benjamin tinha ascendência israelita. Em 1917, casou-se e passou a viver em Berna (Suíça). Quis uma carreira acadêmica, mas teve esse desejo frustrado quando a Universidade de Frankfurt rejeitou sua tese de doutorado, brilhante mas anticonvencional. Então, após estudar filosofia em Munique, Berna e outras cidades, fixou-se em Berlim, em 1920, como crítico literário e tradutor.
Os textos de Benjamin, sobre literatura, arte, técnicas ou vida social, ficaram em sua maioria esparsos em periódicos. Em vida, além da tese sobre a tragédia alemã, publicou apenas outros dois livros: Der Begriff der Kunstkritik in der deutschen Romantik (O conceito de crítica de arte no romantismo alemão) e Einbahnstrasse (Rua de mão única), coletânea de ensaios e reflexões.
Sentindo-se ameaçado por ser judeu em pleno nazismo, tentou sair da França em 1942. Ele entregou seus documentos a um amigo para tentar liberar a sua documentação. Já na Espanha, esperava sua documentação ser liberada para sair da Europa. Quando recebe a notícia de que sua documentação foi suspensa, Benjamin suicida para evitar de ser pego pelos nazistas, e então, ironicamente, depois de dois dias, sua documentação foi liberada.

Benjamin relata em seu texto “Experiência e pobreza” como ele vê, em seu tempo na França, o empobrecimento e a superficialização da cultura no sentido com o qual as pessoas levam suas vidas, alienadas ao consumo.
Ele faz uma comparação com a situação em que as pessoas voltaram da Primeira Guerra Mundial, mais pobre do que antes. O pós primeira guerra resultou em uma alienação ao consumo. Ele justifica que antes as experiências das pessoas no seu dia-a-dia eram simples e boas, e depois, durante a guerra, eram ruins, densas e complicadas como são experiências de guerra.
Durante a guerra, as pessoas acabaram sendo convocadas por uma guerra que não era sua, deixando famílias e filhos, para viver numa experiência sem moral que acaba acontecendo por interresses de uma minoria elitizada. E pior é que depois de anos fora vivendo muitas coisas, voltam pra casa (quando voltam) sem nenhuma história pra contar, nenhuma experiência que seja contável aos seus filhos.
Já as histórias de guerra relatadas nos livros, são “bordadas”, “embelezadas” e superficiais. Como discutido nas primeiras aulas do semestre, dito pelo professor, “os livros de história são uma cópia infiel de uma realidade passada”. Porém as histórias precisam ser escritas. As experiências precisam ser passadas mesmo que superficialmente.
Jeane Marie Gagnebn escreveu um livro: “lembrar, escrever e esquecer”. As experiências que vivemos, principalmente as ruins, são lembradas e precisam ser passadas pra frente, serem contadas, escritas para que então consigamos “descarrega-las”, nos livrar delas e enfim esquece-las.
Assim acontece com as mães que tem filhos desaparecidos em conflitos como guerras, ditadura, ela não sabem o que aconteceu ao filho e ficam presas a esperança de que eles apareçam. Só quando se imagina, ou se tem notícia é possível se livrar de tantos sentimentos e lembranças, e enfim esquecer. Porém quando não se tem explicação, quando a realidade não consegue explicar alguns fatos, muitas pessoas ainda ficam pressas em categorias passadas como a astrologia, para dar conforto e explicar tais fenômenos.
Segundo a Wikipédia, a astrologia se baseia em uma série de crenças dos povos da antigüidade, que afirmavam que os astros influenciavam o destino das pessoas e da natureza. Esta prática era utilizada pelas elites sacerdotais (como os magos da
pérsia, difusores da crença) para diversos tipos de previsões, tais como épocas certas para colheitas, e, com o tempo, previsões de fatos relativos aos reis e à nação, como previsões de guerras, catástrofes e sucessão de governantes.
Mesmo sendo uma categoria passada, ultrapassada pela era da alta tecnologia frustando o homem que tinha crenças em tais categorias, a ciências ainda possui lacunas que acabam sendo preenchidas por essas categorias. Como repetiu o Flavio em sala uma frase de Shakspeare “Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia”.

Envidraçamento do cotidiano
Ainda em seu texto, Benjamin fala de uma sociedade do vidro, onde o vidro esta tomando conta preenchendo espaços e mais espaços, presente em “grandes” construções modernas, cleans. A moda do vidro acaba por ser inimiga do mistério, agora tudo se vê. O vidro coletiviza o individual e divulga a intimidade.
A sociedade vive hoje numa vitrine de vidro, e uma necessidade muito expressiva hoje é de se mostrar aos outros, porém não como você é e sim como é p perfeito perante a sociedade.
Assim são grandes patrimônios culturais que acabam sendo “esvaziados” quando são restaurados, como acontece com grandes construções. As serem restauradas acabam por serem mais vistas, mais valorizadas, assim toda a sua utilidade e representada. Sua utilidade é repensada e o local acaba se tornando esteticamente de acordo com os moldes da sociedade de um patrimônio recuperado.
Um bom exemplo dos moldes e padrões da sociedade, são cômodos na nossa casa que são reservados a esses padrões. Na minha casa, e de muitos amigos meus, existe uma sala de visita onde em sua decoração, entre alguns móveis existe um sofá grande e dois pequenos, posicionados de frente com uma mesa baixa no meio, chamada de mesa central. Sabe-se lá quem inventou isso, quando e onde, mas sei que desde os tempos de reis no Brasil esse modelo de sala existe e a gente copia. Ou seja, muda a cultura e continuam os padrões.
Na minha casa, quando vem visita, a gente vai direto pra cozinha ou pra sala de televisão, que são dois cômodos bem informais da minha casa. Porém a sala de visitas continua lá, exposta, assim como se encontram exposições de salas de personagem históricas em museus.
Assim, foi escolhida como palavra-chave da aula “chapinha de cabelo”. A maior moda de hoje é ter cabelos lisos. É o padrão, o que é bonito. Hoje o bonito é o liso, mas por quê? Não existe resposta, seja pobre, não invente, apenas compre uma chapinha e copie os moldes definidos pela sociedade do consumo.

links
Walter Benjamim:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Walter_Benjamin
Primeira Guerra Mundial:
http://www.brasilescola.com/historiag/primeira-guerra.htm
Conheça a astrologia; veja as características de seu signo: http://astrologia.sapo.pt/homepage
Comercialização do envidraçamento: http://www.arcoweb.com.br/tecnologia/tecnologia25.asp

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