quarta-feira, 21 de novembro de 2007

[op] erica + welbert + julio cesar + ana luiza

A atividade proposta aos alunos foi que se dividissem em grupos de 04 a 05 pessoas e visitassem algumas casas de Ouro Preto com o objetivo de conhecer algumas histórias da população e sua opinião quanto ao patrimônio, os eventos e o sentido de educação patrimonial exercida em Ouro Preto. Inicialmente a realização da atividade foi difícil, pois muitas casas e repúblicas estavam fechadas, uns viajando outros ainda dormindo. No entanto as recepções daqueles que estavam na cidade foi muito agradável e a conversa poderia durar horas.

1ª Casa Visitada – Sérgio
Morador de Ouro preto há mais de 10 anos, Sérgio saiu de São Paulo para estudar na UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto, onde se formou em direito. Na UFOP conheceu sua esposa que se formou em farmácia e em sua casa vimos um troféu em cima de uma das estantes e perguntamos a ele de que se tratava e ele nos disse que era um troféu ganho pela sua esposa em 1995 quando tirou o 1º. Lugar na escola. Sua esposa segundo Sérgio sempre foi destaque nas escolas por onde estudou. Sobre o patrimônio ele nos disse que é de extrema importância para Ouro preto, mas que a política de turismo está mais voltada para o publico externo, esquecendo um pouco da população local. Tal fato está excluindo os moradores das atividades turísticas. Segundo Sérgio houve até uma melhora no sentido de qualificar a mão-de-obra em Ouro Preto, principalmente através dos cursos de capacitação desenvolvidos pela ADOPE – Associação de Desenvolvimento de Ouro Preto. Um exemplo dessa melhora foi a história que ele nos contou de que quando chegou em Ouro Preto a mão-de-obra era tão desqualificada que entrou numa loja para fazer compras e a vendedora o tratou muito mal, saiu de lá sem nada comprar, hoje essas coisas não acontecem mais, pois a população já se sensibilizou sobre a importância de atender bem os turistas.

Perguntamos a ele sobre o carnaval e se a população local participa e ele nos disse que no carnaval se vê um fato bem inusitado: há uma nítida separação de classes sociais nas ruas e essa separação é feita de forma espontânea, de um lado ficam os estudantes, do outro os turistas e totalmente isolados ficam a população local. Não há definitivamente uma interação dessas pessoas para que todos possam se conhecer interagir e vivenciar novas culturas. Para Sérgio o que se deve fazer é chamar a população local e dizer: Olha essa história, esse patrimônio é antes de tudo seu, usufrua dele, vivencie-o faça parte dele também.

2ª Entrevista realizada com Sr. Inácio em uma das praças de Ouro Preto
Em visita a cidade de Ouro Preto em um sábado com tempo nublado mas,porém quente, no período da manhã, descendo e subindo ladeira conhecemos o Sr. Inácio no largo Marília de Dirceu na Rua Conceição. O Sr. Inácio natural de Ouro Preto tem 30 anos, casado sem filhos e trabalha como açougueiro, uma pessoa tímida e também muito humilde. A nossa aproximação do Sr. Inácio se deu pelas meninas Erica e Ana visto que estávamos de quatro pessoas é o Sr. Inácio estava sentado naquela praça debaixo de uma sombra descansando observando a movimentação da rua numa tranqüilidade, para evitar uma reação de incômodo por parte do Sr. Inácio aproximamos aos pouco e sentamos todos do lado dele na praça. A principio o Sr Inácio ficou meio desconcertado principalmente quando falamos que éramos alunos do curso de turismo da Newton Paiva, segundo ele achou que seria um questionário relacionando datas e dados do patrimônio histórico de Ouro Preto. Mas informamos a ele que se tratava de um bate papo mais descontraído e que ele ficasse, mas a vontade, fomos ganhando confiança na conversa ao meio do bate-papo fazíamos algumas intervenções com perguntas voltadas a realização de nosso trabalho, por exemplo, qual é a freqüência de participação dos eventos realizados na cidade seja ele de ordem religiosa ou profana, qual a relação dele como morador para com os turistas e vice-versa, como ele vê o turismo na cidade e se existe uma exclusão do morador de Ouro Preto que mora em bairros afastados do centro da cidade.
Segundo Sr. Inácio a participação dele em eventos na cidade é muito pouca e quase não participa, quanto à relação do turista com o morador resumi-se do turista passando na rua tirando fotos dos pontos turísticos e morador do outro lado observando a movimentação deles e raramente existe um contato pessoal a não ser quando ficam perdidos na cidade. Como morador de Ouro Preto em sua visão o turismo na cidade é muito importante, pois gera oportunidade de trabalho para as pessoas que moram na cidade visto que Ouro Preto é dependente desta atividade que já está na cidade a muitos anos e que cresce cada vez mas.
Em sua visão o Sr. Inácio não consegue identificar a exclusão dos moradores de Ouro Preto que residem mais afastados perante a atividade turística é sim cada um em seu espaço. Tentamos convencer o Sr Inácio ao final do bate-papo a nos levarmos para conhecer a sua casa é um pouco, mas de seu cotidiano, mas o mesmo disse que sua esposa estava trabalhando e a casa estava desarrumada para receber visitas, respeitamos a sua decisão visto que ele foi uma pessoa muito receptiva para o nosso bate-papo. Agradecemos o Sr. Inácio pelo bate-papo realizado é também de compartilhar com suas experiências como morador de Ouro Preto para elaboração do nosso trabalho. Ao final entregamos o presente para casa dele que ficou muito grato pela lembrança, tiramos fotos juntos dele e nos despedimos.

3ª Casa Visitada - Maria das Graças Batista
Encontramos com a Dona Maria das Graças Batista entrando em sua casa na rua Santa Efigênia. De inicio ficou desconfiada, aos poucos foi se soltando, mas nos manteve do lado de fora com um papo muito agradável. Ela considera que o patrimônio em Ouro Preto favorece a poucos, pois a própria Prefeitura exclui os moradores das atividades através de pouca divulgação dos eventos e a busca de melhorias visando apenas os turistas. E que a cidade não tem estrutura para suportar grandes públicos como acontece no Carnaval e na Semana Santa. A multidão acaba atrapalhando o dia a dia dos moradores e os costumes religiosos comemorados nessa época. Ela contou que em certa ocasião na Semana Santa a procissão teve que parar devido ao barulho que uma república estava fazendo. Os estudantes estavam comemorando o aniversário da república e o som fazia um barulho infernal. A procissão foi interrompida enquanto o padre e moradores tentavam convencer os estudantes a desligar ou pelo menos abaixar o som. Após muita discusão, briga e policia a procissão pode prosseguir ao som apenas dos suaves cânticos religiosos.
Em agradecimento a participação e agradável bate papo presenteamos a Dona Maria com um lindo porta-chaves, o qual segundo ela, estava mesmo precisando.

4ª Casa Visitada - Bruno Batista
O jovem Bruno morador do bairro Antônio Dias estava chegando em sua casa e ficou ali mesmo na porta da D. Maria participando empolgado da conversa. Conversamos bastante, mas sem convite para conhecer sua casa. Ele disse que Ouro Preto não tem lazer para os moradores, faltam quadras e a população tem acesso apenas a um clube. O teatro dificilmente recebe peças a preços populares e quando recebe a divulgação para os moradores é precária. Todos os eventos são poucos divulgados entre os ouropretanos principalmente na periferia. Para diversão restam os bares, e aqueles que não gostam dos bares ou não têm dinheiro para todo final de semana está em um, resta como alternativa a Tv ou os bate papos na rua com vizinhos e amigos. O Bruno nunca teve acesso ou soube de pesquisas direcionadas ao turismo ou ao patrimônio. Acha que a economia em Ouro Preto é gerada pelos estudantes e não é exclusiva da atividade turística, pois em época de greve os comerciantes ficam perdidos. Aos que não tem comércio próprio resta as mineradoras ou sair da cidade em busca de emprego. Uma das observações do rapaz é que quando desembarca em Belo Horizonte parece que está em outro mundo é muita diversidade junta. Presenteamos o Bruno com um guaraná antártica, o que foi muito bem recebido visto que estava chegando de uma longa caminhada.

Uma das observações do rapaz é que quando desembarca em Belo Horizonte parece que está em outro mundo é muita diversidade junta. Presenteamos o Bruno com um guaraná antártica, o que foi muito bem recebido visto que estava chegando de uma longa caminhada.

Considerações finais

A atividade realizada nos proporcionou uma visão diferenciada do turismo, pois pode-se ouvir uma parte da população que muitas vezes é excluída dos ganhos e do aproveitamento da atividade turística, para que se possa agradar aos turistas em primeiro lugar. Ações que promovam a interação da população local com os turistas podem facilitar e criar novas alternativas para evitar a saturação de determinados destinos e realmente contribuir com a valorização e preservação, contando com a integração da comunidade
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