segunda-feira, 12 de novembro de 2007

[doc-m] marta [lotes vagos]

A aula do dia 19 de Novembro se iniciou com uma discussão a respeito do principal exercício que na educação patrimonial se deve pensar: como provocar situações que despertam interesse e curiosidade nas pessoas?
Para estudar o assunto fizemos a leitura de uma parte do texto de José Newton Meneses. Nele é relatada uma situação em que um grupo de turistas franceses vai a Igreja do Carmo em Diamantina, acompanhado de um guia. Enquanto ele estava contando a história da Igreja, uma senhora beata entra e inicia sua prece em voz alta. Ao invés do guia criar uma situação de aprendizado aproveitando essa manifestação cotidiana, ele continuou falando sobre a Igreja, somente abaixando a voz. O que poderia ter acontecido era uma interação dos franceses com a beata e deveria ser colocada em questão a ação do momento, porque na maioria das vezes são essas situações que o turista lembra quando volta ao hotel.
Vimos durante a aula que os situacionistas têm exatamente essa idéia de criar situações, que em sua maioria são revolucionárias. Como uma emergência de uma nova possibilidade de vida, surgem os movimentos revolucionários nos anos 60, como os contra cultura, anti-guerra, conta ditadura e hippie (flower power). A arte então, deixa de representar a vida nas cidades e passa a criar a vida nelas.
A partir da leitura do texto “Teoria dos momentos e construção das situações” de Henri Lefebvre podemos pensar que a vida cotidiana poderia ser dividida em elementos. Seriam momentos onde a vida se intensifica e que ficam marcados por ela toda, representados através de imagens, vídeos ou narrativas.
O que a educação patrimonial busca, é criar um aprendizado que faça com que esse momento torne uma situação de encontro e marque a vida da pessoa. Um exemplo dado na aula foi o caso do Bruno Rimulo, que desenvolve o café na praça, proporcionando um encontro entre as crianças e o cozinheiro. Esse momento causa um estranhamento que desperta o interesse de ambos. Esse estranhamento não envolve só o lugar, mas também a maneira como o turista vai se comportar. O turista não precisa estar em um lugar novo, ele pode estar no mesmo lugar, mas vivendo momentos diferentes.
Para exemplificar melhor essa situação, o professor Fred acabou contando onde será realizada nossa visita técnica, que antes era segredo. Vamos a Ouro Preto e a pergunta não é o que é o lugar e sim quais os procedimentos serão criados para andar pela cidade por um dia. Devemos pensar quais as situações que podem ser criadas, pois elas não são dadas. Assim surgem novas possibilidades de uso dos espaços.
O grande problema dos urbanistas é que eles só pensam em resolver o problema habitacional e de vias de acesso, enquanto deveriam se preocupar em que vida é essa que a pessoa vai levar. Mas existem alguns urbanistas que se especializam em jogo e lazer, uma concepção mais dinâmica. Eles pensam no jogo que está na base da concepção de lazer, como um fator coletivo e temporário e não como uma competição.
Após essas discussões, assistimos ao filme Metros Quadrados, um documentário de intervenção urbana feita por alguns arquitetos e artistas plásticos exibido na Tv Cultura. O vídeo mostra pessoas criando situações diferentes, com novas possibilidades de narrativas. O projeto chamado Lotes Vagos, utilizou de lotes desocupados para criar novos usos do espaço e transformar o cotidiano das pessoas. “Os lotes desocupados e escondidos em diversos bairros foram temporariamente transformados em lugares de encontro, descanso e de lazer”. Alguns dos eventos ocorridos foram: horta, brinquedos, lonas amarelas, banquete, cabeleireiros e sala de tv. Esses eventos foram desenvolvidos pensando em criar situações de estranhamento, em que os próprios moradores passariam no local e não reconheceriam o mesmo.
Ao final da aula, vimos algumas lâminas sobre o assunto. Uma que achei bem interessante mostrava uma manifestação cultural, onde as pessoas apresentavam peças teatrais no meio das ruas. Elas estavam mudando um padrão, pois um lugar onde só se passa carro estava servindo de palco por algum momento.

Palavra-chave:
Lotes vagos
A palavra-chave escolhida ao final da aula foi lotes vagos. A palavra lote no dicionário da língua portuguesa significa “cada uma das partes de um todo que se reparte” e vago da idéia de vazio, livre, sem ocupação. De acordo com a aula, “Lotes Vagos, são espaços para contínuas ações de intervenção que podem transformá-los em locais públicos temporários”.

Biografia
José Newton Coelho Meneses
Mestre em História pela Universidade Federal de Minas Gerais e doutor em História pela Universidade Federal Fluminense. Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal de Minas Gerais. Tem experiência na área de História, com ênfase em História de Minas Gerais, atuando principalmente nos seguintes temas: história de minas gerais, história epidemiológica, história da educação, história cultural, alimentação, economia, ofícios mecânicos e patrimônio cultural.
- História e Turismo Cultural - Editora: Autêntica

Henri Lefebvre
(Hagetmau, 16 de junho de 190129 de junho de 1991) foi um importante filósofo marxista e sociólogo francês.
Criticava os
Althusserianos por apagar a ação dos sujeitos no processo de comunicação. Segundo ele fatores importantes como a vivência dos receptores, a "decodificação pelo cotidiado", as mediações e os lugares dos sujeitos foram esquecidos.


Links relacionados
http://www.revistacinetica.com.br/santiagocezar.htm
http://poro.redezero.org/
http://www.rizoma.net/interna.php?id=277&secao=artefato
http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq027/arq027_02.asp
http://passantes.redezero.org/principal.htm

Noticias
http://www.cultura.gov.br/noticias/noticias_do_minc/index.php?p=27824&more=1&c=1&tb=1&pb=1
http://ronaldoas.multiply.com/journal/item/32
http://www.cultura.gov.br/noticias/na_midia/index.php?p=17730&more=1
http://acd.ufrj.br/historiadopaisagismo/seminario/tematica.htm
http://www.irohin.org.br/imp/n15/06.htm

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