quarta-feira, 24 de outubro de 2007

[doc-m] silvia b [namorado]

A aula de Educação Patrimonial e o Turismo do dia 28 de setembro foi iniciada com o conceito de educação patrimonial. O conceito foi dado a partir da fusão do significado da expressão para a autora H. Arendt e para o professor. É a implementação de ações educativas para a população, onde educar é agir no mundo, e este agir remete a uma idéia de intervenção política. O homem, sujeito passivo, se torna um homem agente, onde ele impulsiona as mudanças, através de uma investigação, uma apropriação e uma valorização do patrimônio cultural. Este patrimônio só irá tornar patrimônio a partir do momento que possuir um valor reconhecido por um grupo de pessoas.
Em seguida, houve uma discussão sobre preservação com um novo conceito, visando uma nova identidade. Para isso, foi necessário relembrar algumas palavras chave de aulas passada, como sonho e bilboquê. O Fred quer nos apresentar uma forma de preservação que foge do senso comum e dos livros didáticos estudados no colégio. Devemos passar a ter um senso mais crítico, a conhecer o discurso oficial e também poder colocar as próprias experiências e valores. É isto que pode ser chamado de ser um homem agente.
O tempo todo o professor enfatiza a importância da vivência, como é fundamental que o patrimônio de um determinado local tenha significado para aquela população, como por exemplo, as pirâmides do Egito. Todo mundo conhece seu valor histórico, sua função, mas para os egípcios ela possui um significado ainda maior do que para nós. Ainda a partir desse exemplo, a discussão se ampliou e foi citado o livro do José Saramago, “Intermitências da Morte”. O livro retrata a história de uma cidade onde a morte entrou de greve, ninguém mais morre, tudo começa a viver, nada acaba. O livro foi citado para o Fred relacionar essa idéia a de um museu, onde ocorre um empobrecimento da experiência. Para criar o museu, os objetos expostos são selecionados por uma pessoa que nem sempre vai expor algo que sensibilize o visitante e que retrate o verdadeiro significado daquela peça no passado. Para exemplificar sua opinião, o professor citou o caso da exposição que ele mais gostou até hoje, em um museu do Rio de Janeiro. Eram muitas obras guardadas no porão, mas que não eram expostas. Com isso, o funcionário do museu resolveu estabelecer um critério inusitado e diferente para seleção das obras, que não fosse cronológico, nem espacial e muito menos baseado em livros de história. Esse critério foi colocar somente peças que contivessem a cor vermelha, independente do que fossem ou significasse.
Após a polêmica discussão referente à restauração, preservação do patrimônio, onde foi discutido se deve ou não conservar e restaurar o patrimônio, o professor nos explicou que a restauração só deve existir caso haja uma aliança entre o poder público, o poder privado e a população, e que estes vejam algum significado, importância e que faça parte da história do local. Caso isso não ocorra, o mais correto a fazer é criar uma nova identidade, dar uma nova vida ao antigo monumento, pois assim terá sido criado algo diferente, algo que realmente vai se tornar importante e com significado para todos.
Durante a aula foram passados os objetivos da Educação Patrimonial, mostrando que a melhor maneira de educar as pessoas em relação ao patrimônio é apresentar o patrimônio, conscientizar as pessoas de sua importância, preservar e dar a noção que aquele bem é publico, ou seja, de todos. Essa discussão sobre preservação é muito ampla e polêmica, pois existe uma grande divergência de opiniões e de interesses entre a comunidade, o turista e o turismólogo.
A educação patrimonial é um exercício lento e que deve começar desde a infância. É necessário fazer com que a comunidade participe desse processo, pois na maioria das vezes é imposto ou decidido apenas por uma minoria.
E para encerrar a aula, foi escolhida a palavra chave, “namorada”. Esta palavra foi escolhida após uma divergência de idéias entre o Fred e o Bruno, o Bruno que trabalha com educação patrimonial tem uma concepção em relação ao resgate da identidade, a restauração e preservação totalmente diferente daquela que o professor está tentando nos passar. Após algumas tentativas de convencer o Bruno “cabeça dura”, o Fred expôs um exemplo fora do turismo e que fosse mais próximo ao Bruno. Ele questionou o Bruno se ele vivia o namoro com sua atual namorada, através das experiências já vividas no passado com suas ex-namoradas. Apesar de inusitada e surpreendente, a palavra foi completamente adequada para o momento e para a discussão, pois a partir daí o conceito ficou mais claro para nós.
Essa discussão torna-se bem mais clara e fácil de ser entendida quando a separamos da atividade turística, pois ainda vemos esta questão a partir do nosso ponto de vista de turismólogos.

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