quarta-feira, 24 de outubro de 2007

[doc-m] luanna [participação]

A aula do dia 05 de outubro de 2007, começou com a leitura do relatório da aluna Pámela, logo após o professor Frederico iniciou a aula com a discursão sobre o que é educação patrimonial. Segundo foi passado na última aula, educação patrimonial é a implementação de ações educativas de investigação, apropriação e valorização do patrimônio cultural.
Foi colocado que a relação da participação (palavra chave) da comunidade e da população com o patrimônio se faz a partir de uma escala de participação citada pelo autor Marcelo Lopes de Souza no livro ‘A prisão e a ágora’ que neste coloca para se pensar sobre uma questão de âmbito nacional. Primeiramente foi colocado a questão da educação patrimonial como um processo ativo de conhecimento, apropriação, e valorização da herança cultural propiciando a geração e produção de novos conhecimentos, um processo contínuo de criação. Assim, se leva a pensar no pressuposto que a experiência e conhecimento sobre um determinado lugar vai possibilitar o conhecimento sobre este, isso significa que o método didático não é só passar as informações sobre algo mais sim um método criativo que está a margem de vestígio deixado no lugar visitado. Como por exemplo às manifestações culturais como um modo de fazer de criar. A educação patrimonial é também um método de investigação onde leva a valorização do saber cultural, como propõe Paulo Freire em sua idéia de ‘empowerment’ que significa dar o poder, reforço e capacitação para o exercício de auto-afirmação. Este é para provocar a participação em um exercício de construção de uma autonomia, uma autoconcientização.
O processo de produção , investigação e de autonomia juntos formam uma instancia que relacionados colocam em jogo um processo de investigação que visa uma autonomia individual, onde a pessoa vê que o objeto a ser visitado é intocável mais é uma manifestação cultural, porque mesmo intocável ele faz parte do processo de manifestação, e isso que faz uma autoconcientização. Onde a pessoa, a comunidade e o local que está sendo visitado começa a ser percebido como uma autonomia individual. Porque se você não conscientiza, a pessoa sempre vai ser mais uma marionete dentro de um cenário maior, pois a questão é dar um mínimo de autonomia para que ele se torna um homem sujeito para entender qual é o papel dele dentro da manifestação cultural, por isso é importante investigar quais são as marcas e vestígios.
Faz-se pensar também em uma escala para ter um planejamento urbano que se dá pelos diversos agentes como o turista a comunidade e ou o poder público que coloca em jogo a participação de diferentes agentes, e durante essa relação entre eles qual é a real chance de se dar uma nova autonomia e conscientização do individuo do que ele está fazendo ali, porque muito mais do que conceitos isso quer dizer e mostrar uma dinâmicas pedagógicas.
Marcelo Lopes coloca no seu livro sobre oito categorias ou níveis de participação que vai deste da não participação (coerção e manipulação), passando pelo pseudo – participação (informação, consulta e cooptação), co – responsabilidade (parceria e delegação de poder) e a participação de autonomia (autogestão); onde o individuo sabe o que ele esta fazendo na construção cultural. Então o que são cada um desses níveis que dizem a respeito à dinâmica de produção cultural, no caso da coerção é um tipo de dinâmica participativa onde a população não é consultada. Coagir é você pegar a pessoa, e não é nem manipular, porque este leva a pessoa muito gentilmente para onde você quer, mais no caso da coersão é um tipo de coação onde se faz a pessoa a concordar a através do método da violência. Exemplo disso é a remoção da favela, é uma dinâmica participativa onde a comunidade não é ouvida, consultada, limpar a área para fazer outras coisas. Sem ver a necessidades das pessoas e tudo por meio da violência, por isso ela é considerada uma não participação. Onde não existe uma participação, uma investigação e muito menos uma autonomia. O que tem aqui é uma vontade de retirar o individuo do lugar onde ele estar, tirar o poder dele (empowerment) de se expressar, tirando o último poder que ele poderia ter, que é de poder estar em um lugar onde ele próprio escolheu e quer estar. Isso se encaixa com a palavra chave que é participação que não pode ser uma possibilidade aberta apenas a alguns privilegiados, ela deve ser uma oportunidade efetiva, acessível a todas as pessoas. Cada individuo é responsável pelo que acontece nas questões locais, nacionais e internacionais e, portanto, co-responsáveis por tudo o que ocorre nele. A única forma de transformar este direito em realidade é através da participação, principalmente na área do turismo, onde a participação da comunidade é o fator primordial para que se possa desenvolver um planejamento turístico no local.
A resignação e o medo da participação são resultados da cultura autoritária, que perpassa nossa história e instalou-se na nossa cultura e, portanto, nos nossos próprios hábitos. Participar, em vez de ser regra geral, tornou-se uma exceção. Temos, então, o cidadão limitado, fechado, sem iniciativa, dependente.
Manipulação: na manipulação a população atingida é ludibriada, ao ser induzida, mediante o uso macuco da propaganda ou de outros expedientes, aceitar intervenções que, em outras circunstancias, com pleno conhecimento de causa, certamente não aceitaria. Em fim é o nível onde uma pessoa não dá todos os dados sobre ou relacionados ao patrimônio, manipula informação de forma a ser como a o líder quer. Um exemplo a ser citado é a receita de bolo que a vó Maria faz, a partir dai cria-se um discurso dessa receita que precisa ser preservada, mais as vezes é manipulada sobre a opinião que a receita é boa, mesmo assim se agrega uma importância cultural enorme, dela ser objeto de uma lei de preservação patrimonial.
Informação: a informação é a maneira mais clara que uma pessoa recebe quando alguém disponibiliza algo. Por exemplo, um guia turístico passa informação sobre um local e você recebe a informação que está sendo dada, ou quando é apresentado algum projeto, você passa sua informação ao poder público, colocando sua opinião. Como o nome sugere, o estado disponibiliza informações sobre as intervenções planejadas, informações estas que, dependendo do grau de transparência do jogo político e da natureza da cultura política, serão menos ou mais completas e confiáveis.
Consulta: O processo de consulta se for bem organizado, será útil para o balizamento da atividade planejadora. O “detalhe” é que não há, em esquema meramente consultivo, nenhuma garantia de que as opiniões da população serão respeitadas e incorporadas pelos tomadores de decisão. Um exemplo comum é o turismólogo fazendo o planejamento de uma cidade, ele na maioria das vezes pergunta a população sobre o objeto a ser implantado, mas se ele vai ouvir, aceitar ou não ou até mesmo gerenciar junto com a população depende inteiramente da sua decisão e ou consciência. A informação vai ser dada , mais é facultativo e não obrigatório, por que quem tem mais poder é que vai decidir qual a ordem a ser tomada.
Cooptação: A cooptação estritamente individual, é parte integrante ou preparatória para a cooptação de organizações e grupos, serve, de maneira menos ou mais intencional e deliberada, a um propósito de conquistar respaldo popular a um custo mínimo, se que o aparelho de estado verdadeiramente partilhe poder. Enfim a cooptação é o meio mais sutil, para fazer as pessoas participarem, mais ainda não é de forma autêntica, por exemplo, o curso de turismo pode mudar seu currículo varias vezes passando de uma a cem mas o sentido do estudo e das matérias vão ser reproduzidos na mesma forma. Um outro exemplo é quando um turismólogo vai implantar um projeto turístico em uma região ele vai primeiramente reunir com a liderança comunitária, para se firmar com esta, pois através da participação da liderança, distribuindo atividades para ela, consegue-se conquistar um espaço e se tem um consenso comum de como vai ser o projeto e como ele vai se estabelecido.
Parceria: A parceria corresponde a um nível de participação autenticamente associado a um compartilhamento de poder decisório, caracterizando-se, ainda, por elevada transparência. Nela o aparelho de estado e a sociedade civil organizada interagem, em um ambiente de dialogo e transparência para implementação de uma política publica a organização e a viabilização de um esquema de gestão ou a realização de uma intervenção especifica. Exemplo disso é um cozinheiro de um restaurante, fazer alguma parceria ou adquirir alguma nova experiência com atitude simples mas objetiva. Em um dia qualquer depois que ele faz a comida vai até a mesa dos clientes do restaurante e pergunta se eles gostaram ou não, além da experiência que em cada mesa ele poderá ficar aberto para novas parcerias que futuramente possam engrandecer sua profissão.
Delegação de poder: A delegação de poder vai ainda mais além da parceria, pois nela o estado abdica, no que se refere a várias esferas da administração, co-interferir decisoriamente, ou até mesmo de se valer do direito de veto, transferindo toda uma gama de atribuições para instâncias e canais participativos nos quais a sociedade civil tem a última palavra. Na delegação de poder você dá autonomia ou o poder por exemplo para o cozinheiro ir até a mesa onde está o cliente para questionar sobre sua satisfação em relação ao restaurante. Cria a possibilidade de conhecimento do cozinheiro e ate mesmo do cliente, através da responsabilidade que é dada ao cozinheiro.
Autogestão: No que tange a canais participativos formais, instituídos pelo estado, a delegação de poder é o nível mais elevado que se pode almejar. Ir além disso, implementando políticas estratégicas altogestionariamente, sem a presença de uma instancia de poder “separada” do restante da sociedade (Estado), a qual decide quanto, quando e como o poder poderá ser transferido, isso pressupõe um macrocontexto social autônomo, muitíssimo diferente do binômio capitalismo mais democracia representativa. Tal não impede, decerto, que experiências autogestionárias tenham lugar, menos ou mais efemeramente e com menor ou maior impacto político pedagógico, marginalmente, nas bordas do sistema heterônomo, como em imóveis ocupados por sem-teto e outras expressões de insurgência protagonizadas por movimentos sociais. Enfim, autogestão, é quando se coloca todos os agentes envolvidos que é desde o turismólogo, do turista, do poder público, e da comunidade quando todos esses autores eles participam coletivamente da decisão e o que ta em jogo é sempre o bem estar de todos, isso significa que todos esse agente vão ter que conversar , consultar, pensar como parceiro no projeto e nenhuma decisão é tomada sem o outro ser consultado. Por exemplo o movimento social dos sem terra, que lutam junto por terras independente de onde for, querem seu canto para morar e isso vai contra o poder público, mais isso mostra que todo mundo participa a partir do momento que há uma conversa entre o poder com as pessoas do movimento, onde só é conseguido ter sucesso quando cada um não só pense por conta própria autonamente, mais sim em conjunto.

biografia
MARCELO LOPES DE SOUZA
Marcelo Lopes de Souza é professor da UFRJ, onde coordena o Núcleo de Pesquisas sobre Desenvolvimento Sócio-Espacial (NuPeD), e pesquisador do CNPq. É autor, entre outros livros, de Mudar a cidade e A prisão e a agora, ambos publicados pela editora Bertrand Brasil.

TÍTULOS
1985 - Bacharel em Geografia (Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
1988 - Especialista em Sociologia Urbana (Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ).
1988 - Mestre em Geografia (Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ).
1993 - Doutor em Geografia (área complementar: Ciência Política) (Eberhard-Karls-Universität Tübingen, Alemanha).

è PRÊMIOS
1994 - Obtenção do 1.° prêmio do concurso bianual da Arbeitsgemeinschaft Deutsche Lateinamerika-Forschung - ADLAF (Sociedade Alemã de Pesquisas sobre a América Latina). O concurso foi instituído pela ADLAF para premiar as melhores dissertações de Doutorado escritas na Alemanha versando sobre temas latino-americanos, e dele participam representantes das mais diversas áreas das ciências humanas e sociais. Título do trabalho premiado: "Armut, sozialräumliche segregation und sozialer Konflikt in der Metropolitanregion von Rio de Janeiro. Ein Beitrag zur Analyse der 'Stadtfrage' in Brasilien" ("Pobreza, segregação sócio-espacial e conflito social na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Uma contribuição para a análise da 'questão urbana' no Brasil"). Tese de Doutorado publicada pelo Selbstverlag des Geographischen Instituts (Editora do Instituto de Geografia) da Universidade de Tübingen, Alemanha (= série Tübinger Geographische Studien, n.° 111).
2001 - Prêmio JABUTI, da Câmara Brasileira do Livro, como um dos três melhores livros publicados no ano 2000 em território brasileiro na categoria Ciências Humanas e Educação, pela obra "O desafio metropolitano. Um estudo sobre a problemática sócio-espacial nas metrópoles brasileiras" (Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 2000).

sites
http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=25&id=278
http://www.cidadesrevista.com.br/html/espacos_da_participacao_popula.html
http://www.olharvirtual.ufrj.br/2006/imprimir.php?id_edicao=170&codigo=2
http://www.temasemdebate.cnpm.embrapa.br/textos/051018_TERRITORIO_ESPACO_quarta.pdf
http://www.vermelho.org.br/museu/principios/anteriores.asp?edicao=35&cod_not=820
http://www.unesp.br/aci/jornal/195/livros.php

notícias

http://www.planetanews.com/produto/L/55668/planejamento-urbano-e-ativismos-sociais-marcelo-lopes-de-souza---glauco-rodrigue.html
http://www.revistasim.com.br/asp/materia.asp?idtexto=1275
http://compare.buscape.com.br/a-prisao-e-a-agora-marcelo-lopes-de-souza-8528612090.html
http://italogeografia.wordpress.com/2007/06/16/o-problema-da-violencia/
http://www.anuario.igeo.ufrj.br/anuario_1994/vol_17_65%20_72.pdf

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