sábado, 1 de dezembro de 2007

[doc-n] ronald [uso]

Na aula do dia 12 de novembro foi estudado o texto: “O Lugar da Cidade depois do Moderno ou ainda tens algo a fazer aqui”, do professor Frederico Canuto, com o objetivo de embasar um posterior exercício que deveria ser desenvolvido pelos alunos. A idéia era criar um roteiro não convencional, que contemplaria atividades de entretenimento em lugares que não são turisticamente famosos, vislumbrando o seu contexto arquitetônico e o uso.
O texto aponta inicialmente para o movimento do planejamento estratégico pós-moderno constituído por diversos campos do saber, como: urbanismo, arquitetura, turismo, serviço social, entre outros e a sua ideologia de transformar a imagem da cidade de uma capital cultural para uma cidade histórica, furtada em sua historicidade – história em atividade. Desenvolvendo a idéia de que a cidade hoje, deve se adequar a uma lógica produtiva, ela adquire uma posição de produto a ser vendido.
Mesmo na modernidade ainda se prevalece a idéia de cultura, com o apontamento para o passado como uma verdade absoluta, a ser preservada sob a égide de publicidades e marcas como “responsabilidade social”, “preocupação ambiental” e “patrimônio cultural”. Mas o autor alerta para uma outra imagem que a cidade possui, sendo ela entendida, na idéia marxista, como um produto de uma lógica cultural maior, com aspectos econômicos, políticos, sociais e arquitetônicos dinâmicos. Assim a preservação patrimonial torna-se meritória de questionamentos, pois ela provoca um mascaramento das vivências urbanas do presente e do futuro.
Neste momento, a palavra uso começa a ser desenvolvida no texto como o principal verbo de reflexão, discussão e aferições. O uso da cidade deve ser compreendido como parte de sua história, merecendo igual respeito e porque não dizer preservação. A preservação do uso da cidade, em todo o seu cotidiano, evocará a preservação da história em sua conceituação temporal. O uso é uma marca registrada da história e não deve ser maquiado, revitalizado ou recuperado; deve ser permitido. Avançando nesse conceito o autor ainda afirma que: “A potência histórico-cultural transformadora da cidade reside na sua própria possibilidade de destruição pelo cotidiano.”- ou seja, a cidade só pode ser histórica se tiver uso.
Ao discutir sobre a experiência da revitalização ou preservação patrimonial o autor inclui uma discussão acerca das ações ou restaurações que vêm apagando os rastros deixados pelas vivências históricas. Citando o filósofo alemão Walter Benjamim e sua referência à cultura do vidro, o autor desenvolve a idéia de que esse processo de envidraçamento também passa sobre o patrimônio construído. Ao se preservar determinadas arquiteturas pode-se observar um envidraçamento, que não permitirá posteriormente, nenhuma fixação de vivências; tudo que vem da ordem do vivenciado e experimentado se escorre – essas arquiteturas apagam os rastros humanos.
Aprofundando nesta temática o autor faz uma alusão imperativa para o tu, esse pronome pessoal, que é secundário na própria história, afirmando que “não tens nada a fazer aqui.” Rememorando os quartos burgueses do século XIX aos dois, três e quatro quartos dos apartamentos da modernidade ele aponta para uma intercessão entre eles – a imposição de um estilo de vida. Para o autor a cidade moderna tornou-se um interior burguês que massificou uma vivência.
É neste ponto de interseção que é apontada uma impossibilidade ainda maior, a de que o usuário, cujo papel é vital, não pode mais contar nem viver uma história na sociedade capitalista moderna. Mas, dentro dessa perspectiva, uma outra alusão imperativa ao “tu” é feita: “Tens tudo a fazer aqui”. Portanto, uma evocação ao processo construtivo de uma história, de um patrimônio e de um habitat torna-se possível. Como foram citados na aula, muitos prédios adquirem uma importância cultural e histórica quando algumas tragédias fazem deles palco de encenação; o prédio 220 da Newton Paiva, após o suicídio do estudante e o Word Trade Center, que teve em sua completa destruição, um alvo muito maior de interesse e até visitação turística. Assim o vazio também aponta possibilidade de construção e edificação cultural. Nesse momento o texto atinge o seu ponto final, sendo de um caráter de reticências(...), pois o autor infere necessidade de levar a cidade do lugar de artefato histórico, para depois do Moderno, a um lugar onde o território urbano seja espaço de luta pela vida, através de sua vivência no cotidiano.

Sites
http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/numeros/numeros.asp
http://www.confea.org.br/revista/materias/edicao_08/materia_05/materia.asp
http://imago-urbis.blogspot.com/2006/06/sobre-cidades-comunicao-e-consumo.html
www.vivercidades.org.br
http://www.international.icomos.org/home.htm

Nótícias
http://www.comartevirtual.com.br/InstitutoArtedasAmericas/textFP.htm
http://www.dezenovevinte.net/
http://www.revista.iphan.gov.br/materia.php?id=121
http://www.unisantos.br/pos/revistapatrimonio/artigos.php?cod=70
http://www.arq.ufmg.br/mom/05_biblioteca/acervo/baltazar_por_uma.pdf

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